LEI Nº 7.623, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2020

 

Dispõe sobre alteração de denominação da via pública que especifica, e dá outras providências.

 

O PREFEITO DO MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES, faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu sanciono a seguinte lei:

 

 

Art. 1º Fica denominada "Rua Francisco Gil Eugênio", cujos dados biográficos acompanham a presente lei, a atual "Rua Oito", localizada no Residencial Mosaico da Serra, nesta cidade, que tem início na Rua Eng. Paulo Silvério Santiago Júnior e final na Rua Dez. código de logradouro nº 22.327-0.

 

Art. 2º As despesas com a execução da presente lei correrão por conta das dotações próprias do orçamento.

 

Art. 3º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

 

 

PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRUZES, 17 de novembro de 2020, 460º da Fundação da Cidade de Mogi das Cruzes.

 

 

MARCUS MELO

Prefeito de Mogi das Cruzes

 

 

ROMILDO DE PINHO CAMPELLO

Secretário de Gabinete do Prefeito

 

 

MARCOS SOARES

Secretário de Governo

 

 

Registrada na Secretaria de Governo - Departamento de Administração e publicada no Quadro de Editais da Prefeitura Municipal em 17 de novembro de 2020. Acesso público pelo site www.mogidascruzes.sp.gov.br

 

 

Este texto não substitui o publicado e arquivado pela Câmara Municipal.

 

 

BIOGRAFIA DO SR. FRANCISCO GIL EUGENIO

 

HOMENAGEM PÓSTUMA

 

De Portugal para Mogi

 

Francisco Gil Eugênio nasceu em 12 de janeiro de 1942, na aldeia Alverca da Beira, no distrito da Guarda, em Portugal. Casado há 55 anos com Rosa Gonçalves Teixeira Eugênio, pai de 3 filhos (Joaquim, Fátima e Rosa), avô de 7 netos (Emanuelle, Matheus, Francisco Neto, Gabriel, Victoria, Luiz Eduardo e Felipe) e bisavô de 2 bisnetos (Joaquim e Olivia). Deixou sua terra natal aos 17 anos e veio trabalhar em Jundiapeba, na cidade de Mogi das Cruzes.

 

Estudou até a quarta série do ensino primário (o equivalente a nossa quinta série do ensino fundamental) e, desde jovem, começou a trabalhar no pequeno açougue de seus pais, Luiz Eduardo e Odete da Conceição Santos e, quando adolescente, trabalhou como alfaiate junto com seu tio. Porém, quando Francisco tinha 17 anos, as dificuldades assombravam Portugal, principalmente nas aldeias e nas cidades menores. A Europa acabava de sair de uma guerra que devastou vários países, trazendo como consequência, por exemplo, a crise por alimentos, falta de emprego e, principalmente, falta de oportunidades, que era o que mais afligia o coração de um jovem que tinha "um mundo" para conquistar.

 

Aos 17 anos, Francisco decidiu então deixar seu lar, sua terra natal, em busca de uma nova vida aqui no Brasil. Primeiro morou e trabalhou na padaria de um tio que já morava em Mogi e, pouco depois, se mudou para Jundiapeba, na casa de outro tio, até comprar um barzinho de frente para a estação ferroviária do local. Nessa época, Francisco já havia casado com Rosa e o casal morava e trabalhava no bar todos os dias. Lá ficaram conhecidos por seus famosos salgados, mais precisamente pelo bolinho de bacalhau e a indispensável coxinha da dona Rosa. que segundo ela mesmo contou, eram feitas desde o início, passo a passo, por ela. Ela escolhia as galinhas na feira da Praça 1º de Setembro e fazia todo o processo até chegar no produto final.

 

Passados alguns anos, resolveram vender o barzinho e pegar as economias que juntaram durante esse tempo e adquiriram, em 1967, na esquina do cruzamento da Rua Dr. Ricardo Vilela com a Rua Dr. Antônio Cândido Vieira, no bairro do Shangai, o restaurante que na época já levava o nome Morumbi. Quando o casal Chico e Rosa comprou o ponto, adicionaram ao cardápio as famosas pizzas, porções, chopes super gelados e churrascos. A esquina que agora nas mãos do casal funciona como churrascaria, pizzaria e choperia, iniciava uma história que já dura mais de cinco décadas, junto com as pessoas da rua, bairro e da cidade de Mogi das Cruzes.

 

O Morumbi hoje carrega uma tradição de 52 anos na cidade. São muitas as histórias e os momentos que fazem parte do local diariamente, sendo frequentado por gerações, pessoas de diferentes idades, sexos, etnias, profissões, etc., um local muito frequentado e conhecido na cidade, e isso foi o que sempre serviu de motivação e incentivo para sempre buscar o melhor junto com a qualidade tanto nos serviços oferecidos como no atendimento e, claro, nos produtos. Esse era um ponto essencial do dia a dia cobrado por Francisco, a qualidade era cobrada diariamente sempre com um sorriso no rosto. Bom grado e disposição para aprender e para ensinar, focado em sempre atender bem o próximo, pois não importava quem fosse, funcionário ou cliente, amigo ou conhecido, rico ou pobre, o Chico do Morumbi sempre parava para trocar histórias longas e descontraídas por bons tempos. Quem o conheceu e lê agora esse texto sabe que com o Chico não tinha tempo ruim e que a atenção era dada igualmente a todos.

 

Além do Morumbi, Francisco também fez negócios no ramo hoteleiro, com um hotel em Santos, o MontSerrat, que funciona até hoje (26 anos), sob a gerência do filho mais velho. Joaquim. Francisco também fez negócios no mercado imobiliário e na construção civil, dentro e fora de Mogi. Investiu na cidade desde que o restaurante começou a dar lucro, comprando terrenos, construindo casas e pontos comerciais, restaurando patrimoniais históricos tombados na cidade (como, por exemplo, as lojas em frente à Igreja Matriz) e também, muitas vezes, doando pequenos terrenos ou casas para funcionários ou conhecidos necessitados, além de prestar ajuda para instituições religiosas e filantrópicas em Mogi e Portugal.

 

Por sempre ser um homem a frente de seu tempo, tinha visão para bons negócios, mas do mesmo modo que ganhava, ele também distribuía. Há uma frase que diz mais ou menos assim: "Dê poder a um homem e ele revelará sua verdadeira face".

 

Pois com Francisco sua "verdadeira face" era a de uma pessoa humilde, generosa, inteligente e equilibrada, que nunca negava ajuda a quem precisava. Uma vez ele me disse: "Não há nada de novo em ajudar quem precisa. Se no momento que o próximo necessita da ajuda e você tem a condição de ajudá-lo, então é sua obrigação fazê-lo". Ou, por exemplo, outra fase que ele também costumava dizer: "Quem pode mais deve ajudar quem pode menos", eram palavras que ilustravam suas ações e suas crenças, que ele fez questão de passar adiante. Ele escutava quem precisava ser escutado, aconselhava quem precisasse ser aconselhado e até guiava quem estivesse perdido.

 

Outro exemplo disso foram as inúmeras pessoas que Francisco ajudou quando elas cruzaram seu caminho. Foi um dos maiores empregadores e apoiadores do povo nordestino aqui em Mogi, dando moradia, terrenos e até ajudando a montar comércios para alguns que procuravam a independência financeira abrindo seu próprio negócio.

 

Tudo era importante e devia ser feito com entusiasmo, inteligência, honestidade e, o principal, com humidade. Mas o que era mais importante que tudo para Francisco? Sua família. Ah, era uma "religião", um bem maior, sua principal razão para ser quem era e fazer o que fez e esse valor foi passado e foi recíproco por todos nós. Para Chico, a família era tudo. Tudo o que ele fez, toda a batalha, as lágrimas e as conquistas foram sempre pensando nos que estavam para chegar. Era tudo para os filhos e para os netos, não havia tempo ruim, estar com todos reunidos era sua maior felicidade. Participar do nosso dia a dia, sempre ajudar com o que estava a seu alcance ou, até mesmo, fora de seu alcance, se preocupar com nossas decisões e sempre mostrar que estava lá se tudo desse errado, eram suas características, era o que o definia e todos que o conheceram sabem.

 

Era uma pessoa sem igual. A frente de seu tempo, bem humorado, generoso, empreendedor, humilde, preocupado com a família e carinhoso. Um bom bisavô, avô, pai, marido e filho, que sempre irá deixar um buraco no coração dos que, assim como eu, tiveram a oportunidade de conhecer e conviver com ele. Uma figura marcante que, com certeza, marcou todos que cruzaram seu caminho.

 

Francisco Gil Eugênio sempre fará parte da nossa história e da história de Mogi das Cruzes.

 

- Matheus Eugênio Teixeira (neto de Francisco)

 

 

Este texto não substitui o publicado e arquivado pela Câmara Municipal.

 

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